quinta-feira, 7 de julho de 2011

Maria José Nogueira Pinto

(1952-2011)


"Um dos mais radicais desafios que nos é proposto, é a entrega de tudo aquilo que - ao limite - não depende de nós. Talvez seja esta a chave para as caminhadas mais duras. Uma entrega que não é derrotista, mas confiante de quem sabe que - at the end of the day - não tem nada a temer." 

Mª José Nogueira Pinto

You bastards. Nothing personal I (ou, contigo em contradição pode estar um grande amigo)

Recordando os conselhos da Irlanda:

Dear Portugal, this is Ireland here. I know we don't know each other very well, though I hear some of our developers are down with you riding out the recession.

They could be there for a while. Anyway, I don't mean to intrude but I've been reading about you in the papers and it strikes me that I might be able to offer you a bit of advice on where you are at and what lies ahead. As the joke now goes, what's the difference between Portugal and Ireland? Five letters and six months.

Anyway, I notice now that you are under pressure to accept a bailout but your politicians are claiming to be determined not to take it. It will, they say, be over their dead bodies. In my experience that means you'll be getting a bailout soon, probably on a Sunday. First let me give you a tip on the nuances of the English language. Given that English is your second language, you may think that the words 'bailout' and 'aid' imply that you will be getting help from our European brethren to get you out of your current difficulties. English is our first language and that's what we thought bailout and aid meant. Allow me to warn you, not only will this bailout, when it is inevit-ably forced on you, not get you out of your current troubles, it will actually prolong your troubles for generations to come.

For this you will be expected to be grateful. If you want to look up the proper Portuguese for bailout, I would suggest you get your English-Portuguese dictionary and look up words like: moneylending, usury, subprime mortgage, rip-off. This will give you a more accurate translation of what will be happening you.

I see also that you are going to change your government in the next couple of months. You will forgive me that I allowed myself a little smile about that. By all means do put a fresh coat of paint over the subsidence cracks in your economy. And by all means enjoy the smell of fresh paint for a while.

We got ourselves a new Government too and it is a nice diversion for a few weeks. What you will find is that the new government will come in amidst a slight euphoria from the people. The new government will have made all kinds of promises during the election campaign about burning bondholders and whatnot and the EU will smile benignly on while all that loose talk goes on.

Then, when your government gets in, they will initially go out to Europe and throw some shapes. You might even win a few sports games against your old enemy, whoever that is, and you may attract visits from foreign dignitaries like the Pope and that. There will be a real feel-good vibe in the air as everyone takes refuge in a bit of delusion for a while.

And enjoy all that while you can, Portugal. Because reality will be waiting to intrude again when all the fun dies down. The upside of it all is that the price of a game of golf has become very competitive here. Hopefully the same happens down there and we look forward to seeing you then.

Love, Ireland.

(Sunday Independent)

You bastards. Nothing personal.

Choque. Escândalo. Lixo. Resignação? Não. Mas sim, lixo, somos lixo. Os mercados são um pagode, e nós as escamas dos seus despojos.


Isto não é uma reacção emotiva. Nem um dichote à humilhação. São os factos. Os argumentos. A Moody's não tem razão. A Moody's não tem o direito. A Moody's está-se nas tintas. A Moody's pôs-nos a render. E a Europa rendeu-se.

As causas da descida do "rating" de Portugal não fazem sentido. Factualmente. Houve um erro de cálculo gigantesco de Sócrates e Passos Coelho quando atiraram o Governo ao chão sem cuidar de uma solução à irlandesa. Aqui escrevi nesse dia que esta era "a crise política mais estúpida de sempre". Foi. Levámos uma caterva de cortes de "rating" que nos puseram à beira do lixo. Mas depois tudo mudou. Mudou o Governo, veio uma maioria estável, um empréstimo de 78 mil milhões, um plano da troika, um Governo comprometido, um primeiro-ministro obcecado em cumprir. Custe o que custar. Doa o que doer. Nem uma semana nos deram: somos lixo.

As causas do corte do "rating" não fazem sentido: a dificuldade de reduzir o défice, a necessidade de mais dinheiro e a dificuldade de regressar aos mercados em 2013 estão a ser atacadas pelo Governo. Pelo País. Este corte de "rating" não diagnostica, precipita essas condenações. Portugal até está fora dos mercados, merecia tempo para descolar da Grécia. Seis meses, um ano.

Só que não é uma questão de tempo, é uma questão de lucro, é uma guerra de poder. Esta decisão tem consequências graves e imediatas. Não apenas porque o Estado fica mais longe de regressar aos mercados. Mas porque muitos investidores venderão muitos activos portugueses. Porque é preciso reforçar colaterais das nossas dívidas. Porque hoje todos os nossos activos se desvalorizam. As nossas empresas, bancos, tudo hoje vale menos que ontem. Numa altura de privatizações. De testes de "stress". Já dei para o peditório da ingenuidade: não há coincidências. Hoje milhares de investidores que andaram a "shortar" acções e dívidas portuguesas estão ricos. Comprar as EDP e REN será mais barato. Não estamos em saldos, estamos a ser saldados. Salteados.

Portugal foi um indómito louco, atirou-se para um precipício, agarrou-se à corda que lhe atiraram. Está a trepar com todas as forças, lúcido e humilde como só alguém que se arruína fica lúcido e humilde. Veio a Moody's, cuspiu para o chão e disse: subir a corda é difícil - e portanto cortou a corda.

Tudo isto não é por causa de Portugal, é por causa da guerra entre os EUA e a Europa, é por causa dos lucros dos accionistas privados e nunca escrutinados das "rating". Há duas semanas, um monumental artigo da jornalista Cristina Ferreira no "Público" descreveu a corrosão. Outra jornalista, Myret Zaki, escreveu o notável livro "La fin du Dollar" que documenta o "sistema" de que se alimentam estas agências e da guerra dólar/euro que subjaz.

Ontem, Angela Merkel criticou o poderio das agências e prometeu-lhes guerra. Não foi preciso 24 horas para a resposta: o aviso da Standard & Poors de que a renovação das dívidas à Grécia será considerado "default" selectivo; a descida de "rating" da Moody's para Portugal.

Estamos a assistir a um embuste vitorioso e a União Europeia não é uma potência, é uma impotência. Quatro anos depois da crise que estas agências validaram, a Europa foi incapaz de produzir uma recomendação, uma ameaça, uma validação aos conflitos de interesse, uma agência de "rating" europeia. Que fez a China? Criou uma agência. Que diz essa agência? Que a dívida portuguesa é BBB+ (semelhante ao da canadiana DBRS: BBB High). Que a dívida americana já não é AAA. Os chineses têm poder e coragem, a Europa deixou-se pendurar na Loja dos Trezentos... dos americanos.

Anda a "troika" preocupada com a falta de concorrência em Portugal... E a concorrência ente as agências de "rating"? Há dois dias, Stuart Holland, que assinou o texto apoiado por Mário Soares e Jorge Sampaio por um "New Deal" europeu, disse a este jornal: é preciso ter os governos a governar em vez das agências de 'rating' a mandar.

Não queremos pena, queremos justiça. A Europa fica-se, não nos fiquemos nós. O Banco Central Europeu tem de se rebelar contra esta ditadura. Em Outubro, o relatório do Financial Stability Board, que era liderado por Mário Draghi, aconselhava os bancos e os bancos centrais a construírem modelos próprios para avaliarem a eligilibidade dos instrumentos financeiros por estes aceites e pôr termo ao automatismos das avaliações das agências de rating. Draghi vai ser o próximo presidente do BCE. Não precisa de acabar com as agências de "rating", precisa de levantar-se destas gatas.

Este corte de "rating" é grave. É uma decisão gratuita que nos sai muito cara. Portugal é o lixo da Europa. As agências de "rating" são os cangalheiros, ricos e eufóricos, de um sistema ridiculamente inexpugnável. As agências garantem que nada têm contra Portugal. Como dizia alguém, "isto não é pessoal, apenas negócios". Esse alguém era um padrinho da máfia.

Pedro Santos Guerreiro,
no Jornal de Negócios

terça-feira, 5 de julho de 2011

You want something. Go get it. Period.



"Don't let somebody tell you you can't do something You got a dream, you gotta protect it. People can't do something themselves they want to tell you you can't do it. You want something, go get it. Period."

do filme The Pursuit of Happiness

#19 Rule

You cannot be ignorant of the language of the area you manage or with that of areas with which you interface. Education is a must for the modern manager. There are simple courses available to learn computerese, communicationese and all the rest of the modern "ese's" of the world. You can't manage if you don't understand what is being said or written.


#18 Rule

Most international meetings are held in English. This is a foreign language to most participants such as Americans, Germans, Italians, etc. It is important to have adequate discussions so that there are no misinterpretations of what is said.

Busyness: Das Reuniões III

Busyness: Das Reuniões II

A maioria do tempo do Gestor de Projecto é utilizado a comunicar (cerca de 90%, segundo o PMBoK!), sendo que a maioria dessa comunicação ocorre em reuniões. Porque tempo é dinheiro e é sempre escasso, convém que seja por isso gerida da forma mais eficiente possível. As reuniões são caras e tratam-se de respeitar o tempo de todos, importa não esquecer. Assim, abaixo algumas boas práticas que podem ser úteis para uma produtiva condução de reuniões:

Antes da reunião:
  • reservar sala de reuniões e coffee-break
  • garantir materiais (projector, whiteboard, etc) para a reunião
  • seleccionar e convocar participantes da reunião
  • convocar somente participantes que realmente têm que estar na reunião
  • preparar e distribuir atempadamente aos participantes a agenda da reunião, incitando à inclusão de novos tópicos antes e não durante a reunião
  • designar alguém para preparar a acta de reunião, anotando as principais decisões e considerações da reunião


Durante a reunião:
  • iniciar a reunião na hora definida
  • poderá ser interdita a entrada a participantes atrasados para evitar interrupções, repetições ou confusão
  • apresentar/ reforçar, no início da reunião, as ground rules que a devem reger, como hora de término, revisão da agenda, indicação de como e quando devem ser colocadas eventuais questões ou espaço para discussão ou permissão de uso de portátil, entre outros
  • todos devem ter oportunidade de participar mas devem falar um de cada vez
  • não interromper outros enquanto falam
  • não autorizar ataques pessoais; devem desafiar-se ideias e não pessoas
  • opiniões diversas são bem-vindas: devem ser encorajadas as críticas construtivas, sendo que os comentários devem ser fundamentados e, se em desacordo com alguma proposta, devem ser sugeridas alternativas
  • discordar em privado, unir em público: as reuniões não devem ser o local para "lavar a roupa suja"
  • limitar a discussão aos tópicos definidos na agenda e monitorizar o tempo despendido em cada tópico
  • terminar a reunião na hora prevista
  • no final da reunião, rever próximos passos, tarefas e data de próxima reunião

Após a reunião:
  • enviar acta de reunião aos participantes e pedir o seu feedback e/ou concordância

E ainda: faça reuniões somente quando estas forem realmente necessárias (parece óbvio, mas não é :) ); mantenha as reuniões o mais curtas possíveis (reunião servem para tomar boas decisões e não para serem palestras!); e, finalmente, as reuniões não têm de ser aborrecidas e cansativas mas devem também servir para que as pessoas se divirtam na medida do possível, ao ponto de ficarem ansiosas para participar delas.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Busyness: Das Reuniões I

Busyness: Das Reuniões

Uma das maneiras que Portugal encontrou de passar para o mundo uma imagem produtiva, trabalhadora e eficiente foi desenvolvendo essa grande instituição que é a reunião. É uma coisa de que nos podemos orgulhar: marcamos muitas reuniões, fazemos muitas reuniões. Traçamos projectos, delineamos estratégias. Em reuniões. E marcamos reuniões. No fim de reuniões.

Fazemos reuniões para planificar trabalhos, mas reunimo-nos tantas vezes que, muitas vezes, ocupamos tempo em que podíamos estar a trabalhar para esses trabalhos para saber como estão a decorrer os trabalhos. É sempre uma altura em que apetece dizer "estariam a decorrer bem, não fosse o caso de eu estar aqui sentado convosco."

Muitas vezes reunimo-nos rapidamente - e ficamos felizes com isso, quer quem marca a reunião, quer quem a frequenta ("É uma coisa rápida!"), e o entusiasmo faz com que nem nos apercebamos de pormenores interessantes como por exemplo o facto do percurso que fazemos até chegar ao local da reunião durar mais tempo a ser percorrido do que a reunião propriamente dita. Geralmente, essas são as reuniões que uma pessoa conclui que podiam ter sido feitas por messenger, skype, e-mails e tecnologias afins - ou mesmo por essa invenção ainda tão inexplorada mas com tanto potencial que é o, como é que se chama aquilo?, telefone.

Continuamos a apostar forte e feio em almoços de trabalho. Confesso que é o meu tipo de reunião preferida porque, todos sabemos, não passa de um pretexto para irmos comer. Digam-me um almoço de trabalho em que tenha, de facto, acontecido algo remotamente parecido com trabalho e eu dou o braço a torcer - mas todos sabemos que o único trabalho que decorre nesses almoços envolve os dentes e consiste na mastigação de víveres. Já agora, tomem nota: 30 vezes cada garfada. Ainda dá trabalho!

Uma característica de boa parte dos almoços de trabalho em que estive é que há um certo pudor em começar a falar do trabalho. É verdade que vamos com a pica toda para começar a trabalhar, mas há qualquer coisa na imagem de um prato com queijinho e azeitonas e uma cesta de pão que bloqueia o fluir da conversa e parece tornar profana e mesmo malcriada a frase "bom, vamos lá a isto" que uma das partes terá, inevitavelmente, que proferir - e que, mentalmente, essas mesmas partes vão atirando uma para a outra, como num jogo de pingue-pongue abstrato e interior.

Seja como for, quando estou com demasiado trabalho, não fujo a um bom almoço de trabalho - é a maneira de evitar enfardar mais uma piza e, ainda por cima, ter alguém a pagar-me a conta. E há almoços de trabalho produtivos - aqueles que conseguem lograr o objetivo maior e supremo que é...marcar um novo almoço de trabalho.

Não estou a dizer com isto que todas as reuniões são inúteis e improdutivas. Estou a dizer é que se devia ser mais criterioso e certeiro, e acabar, por exemplo, com "aquela primeira reunião só para nos conhecermos". Há muitas dessas, e servem para marcar uma segunda reunião em que "já trazemos ideias". Faz-me sempre alguma confusão que não se aproveite o tempo para que, de uma assentada só e numa mesma reunião, se possa fazer conhecimentos e trocar ideias.

Reuniões de trabalho não são saídas românticas. Ao contrário do mundo do dating, numa reunião de trabalho podemos logo avançar sem medos, para...trabalho. Não há nenhuma regra estabelecida que diga que "não senhor, trabalho, só num segundo encontro, nunca num primeiro". Não há a ideia de que começar a trabalhar numa primeira reunião possa ser visto como atrevido e arruinar uma relação. Não temos que "ir com calma".

Dito isto, estou aberto para reuniões. Para mim, pode ser arroz de marisco.

Nuno Markl,
Revista Única, 02/07/2011
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