domingo, 28 de agosto de 2011

Cisnes Negros: the unknown unknown


(Não, não é sobre o filme Black Swan, embora também esteja fantástico! :) )

De acordo com a informação disponível, podemos enquadrar o risco em quatro categorias:

Known-Known: eventos que conhecemos à partida e que podem por isso ser identificados, analisados, planeados, monitorizados e respondidos em conformidade; geralmente são condicionantes ao projecto, isto é, restrições.

Known-Unknown: sabemos que dado risco existe mas não o compreendemos inteiramente, isto é, não sabemos o seu estado ou o seu impacto

Unknown-Known: riscos que se poderiam dizer por distracção, pois são riscos que ignoramos não por impossibilidade de os prever mas por falha de comunicação no projecto (daí a importância de um Lessons Learned Report) ou falha na análise de informação histórica de que dispomos

Unknown-Unknown: riscos sobre os quais temos um desconhecimento total, não sabendo sequer da sua existência.

A esta última categoria é muitas vezes associado o conceito de Cisne Negro (black swan) pois, curiosamente, só no século XVII foi documentada a existência de cisnes negros que, até então eram desconhecidos, isto é, unknown-unknown.

O conceito de cisne negro, como era usado até então, estava associado à impossibilidade, sendo que presumia-se que não existiam cisnes negros já que todos os registos históricos documentavam que os cisnes tinham penas brancas. Depois da descoberta de cisnes negros, em 1697, o termo passou a ser utilizado como metáfora para conotar que uma impossibilidade percebida pode ser afinal possível.

Este termo é sobejamente utilizado em contextos financeiros, mas também militares (o discurso de Donald Rumsfeld é disso exemplo), e é corrente na abordagem ao risco, a empregar na Gestão de Projecto. Foi popularizado no livro de Nassim Nicholas Taleb, que caracteriza os eventos black swan como eventos de extremo impacto e reduzida probabilidade, surpresas capazes de mudar paradigmas ou mesmo o mundo (ex: 11 de Setembro). De acordo com o autor:

What we call here a Black Swan (and capitalize it) is an event with the following three attributes. First, it is an outlier, as it lies outside the realm of regular expectations, because nothing in the past can convincingly point to its possibility. Second, it carries an extreme impact. Third, in spite of its outlier status, human nature makes us concoct explanations for its occurrence after the fact, making it explainable and predictable.

I stop and summarize the triplet: rarity, extreme impact, and retrospective (though not prospective) predictability. A small number of Black Swans explains almost everything in our world, from the success of ideas and religions, to the dynamics of historical events, to elements of our own personal lives.

Atendendo à lógica subjacente ao conceito, é pura futurologia tentar prever um evento desta natureza, mas o Gestor de Projecto (e a sociedade em geral, aliás) deve criar condições robustas de antecipação e resiliência para lidar com black swans, identificando áreas de vulnerabilidade que tornem cisnes negros - raros, imprevistos, impossíveis - em cisnes brancos - esperados, planeados, controlados.

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